“Índios são todos vagabundos e não merecem
mais nenhum cm de terra” ou, “para que dar terra aos indígenas? Eles não fazem
nada com ela mesmo”, infelizmente essas frases são comuns no atual cenário chapecoense,
mas os índios são mesmo vagabundos por não fazerem um uso capitalista de suas
terras? Segundo Pierre Clastres, no texto: A sociedade contra o estado- 1974
culturas diferentes têm visões de sociedade diferentes, sendo assim, a sociedade
indígena não é menos evoluída e nem mais evoluída, mas sim diferente da nossa
sociedade capitalista.
Segundo
Marx, capitalismo é um determinado modo de produção cujos meios estão nas mãos
dos capitalistas, que constituem uma classe distinta da sociedade, diretamente
ligado ao lucro e geração de capital. Analisando a sociedade indígena,
percebe-se que eles não possuem essa ligação com o capital e geração de lucro,
pois não necessitam da mesma, e por isso são taxadas como primitivas.
Chapeco,
uma cidade maravilhosa, que no dia 25/08 comemora seu aniversario de colonização,
uma colonização manchada por guerras e sangue dos indígenas e caboclos que aqui
viviam até a presente ocupação, e seus colonizadores, gentilmente chamados de “desbravadores”
pelos habitantes locais, são os principais responsáveis por esses conflitos. São
101 anos de historia, mas essa questão indígena ainda é um assunto extremamente
delicado nessa cidade, pois, o coronelismo implantado pelos “desbravadores”
ainda se faz presente atualmente, são exatamente esses coronéis que fazem
queimar com fervor a luta de classes, tratando a população indígena como uma
população que não é bem vinda na sua civilização, mas o mais impressionante, é
o apoio que esse discurso discriminatório recebe da comunidade, tratando como
bandido e vagabundo o povo, que outrora ocupava toda a região da antiga Xapecó.
Então,
por não possuírem as mesmas necessidades de crescimento capitalista e
acumulação de bens, os indígenas da antiga Xapecó foram considerados primitivos
e subdesenvolvidos pelos invasores da terra, conceito que continua até hoje,
afinal a demarcação de terras indígenas é um assunto polemico e pouco tratado,
vaiado pela população e abandonado pelas autoridades politicas locais.
REFERENCIAS
CLASTRES, Pierre. A sociedade contra o Estado. In.: A sociedade contra o Estado: pesquisas de antropologia política. São Paulo: Cosac Naify, 2003.
MARX, Karl. O Capital. Vol. 2. 3ª edição, São Paulo, Nova Cultural, 1988.
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